top of page

Reticulação

Arte em vídeo - AI 2022

A obra utiliza imagens de arquivo dos primórdios da cinematografia microscópica no século XX para questionar a construção da "vida" como entidade epistemológica. Para tanto, revisita a noção de vida de Foucault como resultado do estabelecimento da biologia como disciplina científica no século XIX. Apropriando-se da linguagem do documentário científico, observa o comportamento das células e desenvolve uma narrativa audiovisual que traça os avanços tecnológicos na criação e captura de imagens científicas.

Paralelamente, apresenta o milho indígena como uma visão alternativa de vida e produção de conhecimento. Nesse diálogo, questiona quais vozes são reconhecidas e autorizadas a definir ciência, vida e arte.

O trabalho reapropria imagens de arquivo juntamente com imagens geradas por IA e cosmotécnicas indígenas. Utilizando técnicas de expansão baseadas em IA, cria um cultivo imagético de tecidos celulares artificiais. Ao fazê-lo, contrasta a dualidade entre imagens microscópicas de células cancerígenas, fotografias macroscópicas de grãos de milho Kaiowá e as monoculturas de milho geneticamente modificado que cercam aldeias indígenas.

Ao desafiar perspectivas coloniais sobre a produção de conhecimento, a obra abre sensibilidades alternativas, engajando-se simbolicamente com os estados de devir que definem a vida e a reprodução. Também destaca as consequências da negligência com o conhecimento tradicional, relembrando a epidemia de desnutrição causada pela exportação global de milho sem os procedimentos técnicos necessários para seu preparo. Usando a repetição como metáfora, entrelaça grãos de milho, organismos geneticamente modificados, metástase, espíritos e imagens sintetizadas em camadas audiovisuais.

Video Mapping - Museu Nacional da República (Brasília, Brasil)

bottom of page