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Monocultura, Monotécnica, Mononatura

Instalação Sensorial - 2022

Este trabalho se desenvolve a partir de uma investigação com e sobre o eucalipto. Atualmente, os eucaliptos são a espécie de árvore mais plantada no Brasil, apesar de sua origem australiana. Enquanto lá as florestas de eucalipto cobrem cerca de 77% da área de mata nativa e são responsáveis pela manutenção de grande parte da biodiversidade do país, no Brasil, ele foi implantado em uma polêmica lógica de monocultura que deixa para trás os chamados “desertos verdes”. Considerado sagrado pela população aborígene australiana, o mesmo tipo de árvore gera constantes conflitos com as comunidades indígenas brasileiras que sofrem com conflitos de terra, o bloqueio da luz solar e o uso de agrotóxicos nas proximidades de seus territórios. Por meio dessa dualidade, a obra explora os perigos de adotar uma única visão hegemônica de natureza, cultura e tecnologia, sem levar em conta as variações locais. 

O trabalho é uma instalação sensorial composta por uma série de vasos cerâmicos com galhos de eucalipto secos, um sensor ultrassônico e um vídeo em tempo real. O vídeo é criado a partir de um modelo 3D escaneado de uma árvore de eucalipto. Esse modelo digital também está inserido em uma lógica de monocultura, onde é copiado e colado várias vezes. Isso ocorre em um processo generativo que funciona através do sensor ultrassônico que capta a aproximação do público com a obra ao longo do período da exposição. Conforme o público se aproxima, a imagem do modelo 3D se multiplica cada vez mais. E, à medida que as imagens se repetem, menos reconhecíveis elas se tornam, gerando uma decomposição da imagem por repetição.


    Também estão presentes no vídeo, mapas das localização de florestas de eucalipto na Austrália e no Brasil, que sofrem o mesmo tipo de operação, e através da repetição, têm seu posicionamento e escala alterados e sobrepostos.


    O trabalho propõe uma monocultura de modelos 3D, com uma repetição em tal escala que decompõe a imagem que formam.  A instalação explora a urgência de uma multiplicidade tecnodiversa para enfrentar os desafios do Antropoceno. Propõe o contato como transformação pela relação (não)humano-vegetal. Aponta a aproximação como alteração pela repetição vazia de cópias de modelos 3D que perdem sua referência.

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